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Letras criam palavras,
Palavras tecem pensamentos,
Pensamentos constroem o mundo.
Oh!!! Profundidade das coisas pensadas...
É melhor voltarmos à superfície, aliás, a chuva que caiu durante a abertura da exposição 2 em 1, poderia formar um lago e nele nadarmos na superfície pensada. Melhor ainda que nadarmos seria navegarmos por essa superfície, por entre os ferros do andaime da obra visual ali instalada por Daniel e Cabot : - as cavalariças estão em obra?- perguntaram . – não, esta é a obra por nós determinada, e aqui colocada, e que permanecerá por tempos imemoriáveis, indefinidos, por gerações e gerações.
Uma explosão parecia vir de um dos lados, fomos remando até lá, e nada. Só vento, escuridão e medo. Quatro olhos claros como de dois gatos surgiram desse nada; eram Marta e Barrão sorrindo enquanto os outros – aqueles que observavam - eram só perplexidade. – é o nosso “ trem fantasma” percorrendo um único ponto nessa nossa cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro – pensavam os dois.
Continuamos e atracamos nosso barco na margem central das Cavalariças, saltamos e encontramos a desconcertante projeção da fachada interior/exterior, inclinada no chão. Algo assim como se transportássemos algum pedaço do céu para ali. Três monitores mostravam imagens de um exterior quase impensado : - é a nossa realidade sobre todas as cabeças – disseram Simone e Ricardo. Mas como assim, sobre as cabeças se você tem que olhar para baixo - alguém retrucou. – você olha pra onde quiser e sempre encontrará essa imagem aqui contida, aqui retratada – foi a resposta recebida.
Sob uma penumbra podíamos ver – agora em terra firme – algo tão sensível que só duas almas femininas juntas poderiam criar. Eram lápis cortados? Era o grafite grená desses lápis? – não, tudo isso é só luz sob outra forma de energia – falaram Suely e Carol.
Caminhamos e fomos para a floresta encantada no lago dos fundos; lá tinha uma festa, e tudo era a alegria construída por Rebecca: - mas por que anões? - lhe perguntaram. – porque, o tamanho, a cor ou o pensamento, é a alma. Assim consegui criar a representação da alma.
Voltamos pra terra firme e encontramos um monitor, onde nos víamos retratando nossos movimentos dentro dele. Era ali a “existência presente”, as “infinitas imagens no tempo”, como num texto corrido sem espaços ou pontuação. DanielaLabraFelipeScovinoDanie
Do outro lado na parede um painel fotográfico com uma intensa luz sobre ele. Vários dizeres estavam lá - todos pensados por Luiz e Domingos – mas um deles conclui esse texto aqui: Qual a finalidade da arte? - Fazer o gol e partir pro abraço.
Ééé... acho que todos nós partimos pro abraço!
texto: LUIZ ALPHONSUS
2 em 1: uma odisséia no espaço das Cavalariças
Esta mostra coletiva apresenta obras de seis duplas - cinco de artistas e uma formada por críticos convidados - que ocupam o espaço das Cavalariças do Parque Lage. O projeto traz uma reflexão sobre o posicionamento de elementos que constituem a estrutura tradicional ou esperada de uma exposição, interrogando a questão da autoria ao expor trabalhos feitos a quatro mãos, ao mesmo tempo em que apaga a hierarquia de uma prática institucionalizada colocando lado a lado artista e curador.
Ao jogarem com tais questões, as duplas que formam o conjunto de 2 em 1 tornam perceptíveis o aspecto libertário e lúdico desta proposta, concebida e realizada por artistas que têm um compromisso com a experimentação e a investigação de novos formatos para a arte.
Sendo assim, as obras realizadas especialmente para esta mostra partem para caminhos experimentais e autônomos, que refletem a amplitude das práticas contemporâneas. Os trabalhos se apresentam em suportes diversos, tais como: intervenção arquitetural (Roberto Cabot e Daniel Toledo), arte sonora (Barrão e Marta Jourdan), video-performance (Daniela Labra e Felipe Scovino), fotografia (Luiz Alphonsus e Domingos Guimaraens), ambientação (Suely Farhi e Caroline Valansi) e instalação multimídia (Simone Michelin e Ricardo Ventura), além da gastronomia-performance da chef Rebeca Lockwood na inauguração do projeto.
Esta exposição é, então, uma aposta na reordenação dos campos de produção e prática do circuito de arte tradicional e na multiplicidade de linguagens que a contemporaneidade oferece.
Produção dos Isopores, dia 29/07/2009
Passou uma cara perguntando se as Cavalariças estava em obras?
Foi respondido: -Não, isso é uma obra.
"Face a Face" de Roberto Cabot e Daniel Toledo 32x14m
Festa Julina da Associação de Nanismo do Rio de Janeiro, em Madureira, dia 25/08/2009
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