O programa era curtir uma viagem ao século XIX. Optamos por almoçar no restaurante Eça, depois visitar o Museu Nacional de Belas Artes, no centro do Rio, e por fim passar no sebo, no Flamengo, e comprar um livro. Nada melhor que isso para comemorar a chegada de 2010. Agora que passou a primeira década do século XXI, ficou fascinante explorar esta época que ficou ainda mais para trás.
Escolhemos o Eça porque é considerado um dos melhores restaurantes do centro e é em homenagem ao Eça de Queiroz. O escritor morreu em 1900 e escreveu diversos livros referenciais. Tem milhares de citações gastronômicas, amava e conhecia bem a cozinha portuguesa e francesa.
A Deise Navakosky é a sommelier da casa. No entanto, por conta própria, escolhemos o vinho mais simples da carta. O bom sommelier se reconhece pela qualidade do seu vinho mais simples e não pelo vinho mais caro. O Dal Pizol era seco, rosé, muito agradável e estava na temperatura certa.
Meu prato foi um filé mignon crocante recheado de cogumelos com foie gras grelhado e musseline de palmito pupunha, custou R$58. A musseline é como um purê e a idéia de ser com palmito foi uma experiência nova bastante agradável. Imaginei o que o Eça escreveria sobre isso!
Em primeiro plano, o filé mignon crocante.
Cabot pediu o Magret de pato Mulard com ruibarbo e hibiscus, de R$63, e como sempre teve que negociar a troca do acompanhamento que tinha leite. Ele é intolerante à lactose como 65% dos brasileiros. A maioria das pessoas não sabe que é e por consumir leite e derivados vive eternamente com problemas de azia. O garçom sugeriu trocar o daphine de batata baroa por palmito pupunha salteado. Acertou! O palmito foi refogado num tacho com fundo de carne e ervas.
Em primeiro plano, o magret pedido pelo Cabot.
O chef belga Frédéric de Maeyer é realmente muito bom. O prato do Cabot estava impecável e olha que a qualidade do magret vendido no Brasil melhorou mas não é lá essas coisas. Normalmente é pequeno demais e tem nervos e esse não estava diferente. Neste caso, o cozimento estava perfeito e este defeito foi logo completamente ignorado. Não pedimos a sobremesa e sim dois cafés com os quais vieram trufas de chocolate belga feitas na casa e biscoitos de amêndoas alucinantes. O outro ponto forte é que o lugar é dentro da loja da H Stern, pois o restaurante fica no subsolo da joalheira.
Seguimos a pé para o Museu Nacional de Belas Artes que estava com metade de sua coleção fechada, logo a parte do século XIX. Não tinha ar condicionado e estava muito quente. O senhor que estava na bilheteria não só foi grosso, como dava informação errada porque estava muito ocupado mandando mensagens no celular. E o catálogo do museu estava impossível de adquirir. A responsável pela venda não tinha ido trabalhar hoje. Enfim, foi desastroso.
Depois do programa, passamos no sebo e compramos um livro de coletânea de cartas do Edouard Manet. O pintor fez uma viagem ao Rio de Janeiro em 1848/9, aos 17 anos, onde descreveu suas impressões da cidade oitocentista. Uma fantástica viagem no tempo como a comida do almoço. Quanto ao Museu... ano que vem tentaremos de novo!
Eça
Av Rio Branco, 128
Museu Nacional de Belas Artes
Av Rio Branco, 199
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