Cozinha Radicante
Em meados de 2015, nós, as Chefs Rebecca Lockwood e Rosa Branca e a artista-plástica Ynaiê Dawson nos reunimos pois tínhamos em comum a urgência de trazer a culinária para o mundo da arte. Nasceu a Cozinha Radicante, um grupo de estudos que, ao longo do ano seguinte, realizou o curso semestral Rituais da Arte Culinária, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro. Foram 19 aulas.
Quando começamos a desenvolver o curso não era questão de aprender a preparar pratos. A própria razão de apresentar o curso que estávamos criando numa escola de arte já implicava um deslocamento de universo simbólico, por isso tínhamos que elaborar nossas próprias práticas e rituais que seriam implantadas.
Fizemos um laboratório de experimentações a partir do preparo coletivo de refeições, manipulando o alimento como matéria artística. Analisamos obras de arte que frequentam o universo da gastronomia e debatemos textos de críticos de arte, filosofia, antropologia e sociologia. Abordamos o conceito de cultura alimentar e revivemos em especial nossas influências indígenas e africanas, mas também todas as outras ocidentais e orientais. Passamos por temas como artevismo, o desenvolvimentos da agricultura, o cultivo e o trânsito dos alimentos a nível global, realizamos debates acerca da sustentabilidade do planeta na Era do Antropoceno, chegamos na evolução da gastronomia, da apresentação dos pratos e dos hábitos em torno das refeições, acabando por praticar a culinária molecular.
Neste processo, surgiu uma cozinha móvel que nos permitiu sair da escola, participando de diversas ações pela cidade como no movimento feminista Xanadona e nas vernissages de rua da Galeria A Gentil Carioca. Também, como radicantes, fizemos um jantar na residência artística do Capacete e outro no House of Food, um restaurante que todo dia muda de chef.
Este ensaio de fotos pretende relatar um pouco do que aconteceu. A troca de saberes e sabores entre os participantes é o que nos deu a liga!
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